TERRENO ESTRANHO & MONDO MASSARI PUBLICAÇÕES
 
Quando um ex-roadie do Green Day se reencontra com a banda, o resultado é um acerto de contas moral que mexe nas entranhas da indústria musical, tanto do underground quanto do mainstream. Mas é também um relato comovente sobre encontrar pontos em comum com velhos amigos, ao mesmo tempo em que explora novos caminhos para reforçar esses antigos laços.
 
Escrito e publicado originalmente em 2011, Na China com o Green Day?!! é o número 54 do fanzine Cometbus, criado em 1981 e na ativa até hoje. O norte-americano Aaron Cometbus é a entidade punk por trás do fanzine. Editor, músico, autor de livros, Aaron cresceu em Berkeley, na Califórnia, onde viveu intensamente a cena punk ao redor do lendário clube 924 Gilman Street. Exatamente a cena de onde saiu o Green Day, com quem o autor trabalhou como roadie e “cara do merch” nos primeiros anos do trio, ainda na fase independente. Porém, mais do que um membro da equipe, Aaron sempre foi um grande amigo da banda.
 
O tempo passou, Aaron se mudou para Nova York e o Green Day se tornou a maior banda do planeta – ou algo do tipo. Um belo dia, vinte anos depois de sua última viagem com a banda, o fanzineiro recebeu um convite dos velhos amigos para embarcar numa turnê do grupo pela Ásia. Duas semanas com tudo pago. Viajando na primeira classe pela primeira vez na vida. Quais os dilemas (morais e emocionais) que um punk atrelado de modo visceral ao underground encontraria nesse vislumbre do estilo de vida de um artista celebrado mundialmente? A resposta está no livro, ou pelo menos os questionamentos e as elaborações que o autor faz ao longo do caminho, numa espécie de diário de turnê mesclado com memórias e causos do passado.
 
Não é preciso ser devoto do Green Day para apreciar essa jornada alucinante pela Ásia, mas é óbvio que os fãs da banda encontrarão muitos detalhes íntimos e até mesmo reveladores por meio do acesso exclusivo do autor. E não apenas pelos hotéis e rolês compartilhados durante essa viagem, mas também (e, quem sabe, principalmente) por tudo o que veio antes: a convivência com Billie Joe, Tré e Mike muito antes da fama e dos holofotes.
 
Com tradução (e prefácio) de Alvaro Dutra, parceiro de letras de Rodrigo Lima, do Dead Fish, o livro de Aaron caiu nas mãos de quem entende do riscado quando o assunto é punk rock. Nas palavras do tradutor: “Este não é um livro sobre o Green Day: é mais do que isso. É sobre amizade, sobre os diferentes rumos que nossas vidas tomam antes de se cruzarem novamente (ou não). É sobre mergulhar no desconhecido e aproveitar a viagem”.